Conto 18.4: Uma Historia de Natal

snow

Eu estou começando a cansar de usar essa imagem, ao mesmo tempo que estou sem saco de ir procurar uma nova. Bem para comemorar o primeiro natal do Freaky Mind preparei um post especial, dessa vez não será uma, nem duas, mas três partes de uma vez só. Quem disse que Papai Noel não existe? Eu ainda pretendo lançar mais uma parte do conto na sexta, mas mesmo assim o especial de natal só deve chegar ao fim em 2013 mesmo. Então aproveite agora o capitulo triplo da investigação de Jack Wolf que o leva do Polo Norte ate a toca de outra criatura lendária. Será esse o encontro com o assassino?

4

-Quer algo para beber? – Mamãe Noel estava sentada no sofá da sala de estar da casa que ate algumas horas atrás ela divida com seu marido. A sala era bem arrumada, um sofá de cinco lugares, duas poltronas e no meio deles uma mesa de centro que parecia ter ao menos umas dez vezes mais tempo na terra do que eu. Um armário de bebidas ficava ao fundo da sala e eu podia ver uma coleção invejável de garrafas com líquidos de cores interessantes.

-Eu não negaria. – Quando ela se preparou para levantar do sofá eu fiz um gesto com a mão para que continuasse sentada. – Eu mesmo cuido disso, não precisa se preocupar.

-Hora quem diria que existe um pouco de educação em você. – Ela tinha voltado a se sentar confortavelmente no sofá. Foi difícil não me concentrar nas pernas dela. Fui ate o armário no fundo e peguei a garrafa de whisky mais velha que achei. Ela apontou para uma travessa com copos e um balde de gelo em cima da mesa. Eu me sentei em uma das poltronas e enchi um copo com gelo e o liquido da garrafa. Ficamos em silencio por um tempo ate ela decidir voltar a falar. – Ainda suspeita de mim?

-Sim, mas não tanto quanto suspeitava antes. – Bebi um gole e o liquido desceu queimando na minha garganta. – Seu ataque de raiva foi consistente, mas suspeito que alguém de dentro traiu o seu marido.

-Aposto que foi algum dos Duendes. Aqueles pequenos ingratos estão tentando destruir tudo que meu marido construiu. – Ela própria não acreditava no que estava dizendo. Eu podia dizer pela voz. Tomei mais um gole e a encarei em silencio. Eu estava cada vez mais certo que ela era a mulher mais bonita que eu já tinha visto na vida. Uma verdadeira ruiva fatal. Eu tinha que tomar cuidado com o que eu estava me metendo ou poderia acabar ruim, muito ruim, para o meu lado.

-É uma teoria, mas não coloco minhas fichas nela. – Tirei um maço de cigarros do bolso e ela olhou com cara feia para mim. – Algum problema?

-Não fumamos aqui nessa casa. – Minha sorte sorrindo mais uma vez. Devolvi o maço para o bolso.

-Eu tenho duas teorias. O escritório do seu marido só tem duas entradas à porta ou a janela e uma delas é protegida por uma chave cartão. – Tirei a que ela tinha me dado do bolso da jaqueta e joguei em cima da mesa de centro. – Caso o assassino tenha entrado pela porta ele precisou de uma delas e não acho que existam muitas por aqui que abram a porta para a sala do chefe. Estou certo?

-Sim atualmente só existem duas chaves. – O medo voltou a surgir na voz dela. Estou entrando em um terreno em que ela não queria entrar. – Uma delas é a que eu te emprestei. A minha chave e a outra é a do meu marido.

Tirei o cartão ensanguentado que achei no bolso do Sr. Nicholas e joguei em cima da mesa de centro ao lado do cartão que ela tinha me emprestado. Quando ela viu o cartão ensanguentado seu rosto ficou completamente pálido e achei por um segundo que ela iria cair desmaiada no sofá. Sem falar nada ela estendeu a mão ate a garrafa que eu tinha trazido e encheu um copo para ela.

-Essas são as únicas duas chaves correto? – Perguntei. – Tem certeza que não existe uma reserva ou nada do tipo?

-Tenho. – Ela olhou para mim com aqueles olhos verdes carregados de temores. – Onde achou esse?

-Com o seu marido. – Ela soltou uma risada tensa e cheia de medo.

-Então o assassino só poderia ter entrado com a minha chave, logo eu volto a ser uma suspeita, não é? – Eu não respondi. Ela levou o copo ate a boca com uma mão tremendo e tomou um longo gole. – Pode me passar um cigarro?

Eu tirei o maço do bolso e tirei dois cigarros de dentro dele, um coloquei na minha boca. Levantei e fui ate ela e me ajoelhei do seu lado. Coloquei o outro na boca dela e ascendi depois me levantei e fui ate uma das janelas da sala olhar a neve lá fora. Ficamos em silencio enquanto cada um fumava o seu cigarro. Lá fora eu podia ver duendes correndo de um lado pro outro, seja a pé ou com o carro de golfe, correndo para fazer um natal perfeito, sem saber que o ator principal da peça não iria participar esse ano. Quase podia sentir pena dos pobres coitados assim como quase sentia pena da senhora sentada no sofá da sala. Terminei de fumar e voltei para ela.

-Caso a minha primeira teoria seja correta e o assassino tenha simplesmente entrado pela porta, você se torna a principal suspeita. Seja do crime em si ou cumplice. Porem ainda existe a segunda teoria de que ele tenha usado a janela e sinceramente eu estou tentando a acreditar mais nela. Já que alguém teria visto uma pessoa ensanguentada saindo da fabrica. Porem eu preciso que você me conte os detalhes de como o corpo foi encontrado e se algo de estranho aconteceu mais cedo no mesmo dia. Quantos mais detalhes conseguir lembrar melhor para você tente mentir e eu vou descobrir, acredite.

-Eu acredito. – A cor voltava aos poucos ao rosto dela. – Bem tudo começou como um dia normal, meu marido tinha que fazer uma ultima checagem na lista dos bons e dos Malvados então ele saiu cedo para o seu escritório. Normalmente quando ele esta trabalhando ninguém vai o perturbar a não ser que seja de extrema importância. Eu fiquei o dia todo cuidando de alguns detalhes da fabrica com alguns duendes e foi mais ao menos no menos as duas da tarde que eu percebi que tinha algo de errado. Tínhamos marcados para almoçar juntos e mesmo quando ele estava enterrado em trabalho ele costumava abrir um tempo para isso, como pode imaginar pelas historias do leite e biscoitos e pela barriga ele era um homem que realmente gostava de comer. Quando deu três horas e não tinha escutado dele eu fui ate o escritório. Quando eu abri a porta encontrei a cena que você se deparou e entrei em pânico. Fui ate ele e comecei a chama-lo esperando que ele sorrisse para mim e dizer que foi alguma piada de mal gosto, mas no fim eu percebi que ele estava realmente morto. Eu fiquei desesperada e chamei alguns dos principais Duendes que trabalhavam diretamente para ele. Ninguém sabia o que fazer e foi ai que ele entrou pela porta.

-Ele quem?

-O Mensageiro do Grande Homem.

-Gabriel? – Afinal quem mais? Eu devia ter percebido que aquele estupido anjo estava envolvido nisso de uma forma ou de outra. – O que ele queria?

-Ele disse que o Grande Homem tinha escutado sobre a morte de Noel e que uma investigação deveria ser feita o mais rápido possível.  Ele me deu um endereço em Nova York e um nome dizendo que eu deveria chamar aquele homem para cuidar disso. Ele disse que p homem era o cão de caça de Deus e que estava sempre pronto para cuidar de casos como o meu.

-E isso explica como eu fui arrastado para essa historia.

-Então eu mandei Rick ir atrás de você e aqui estamos agora.

A historia dela me soava razoavelmente verdadeira e não pude detectar mentiras na sua voz ou gestos. Eu me deixei afundar na poltrona absorvido nos meus pensamentos, procurando algum detalhe perdido na historia, procurando saber se eu tinha perdido alguma coisa, algum detalhe, mas nada veio ate minha mente. Eu estava sem pistas de novo talvez interrogar os Duendes que estavam no prédio principal se eles tinham visto alguém estranho, mas minha intuição me dizia que seria inútil. Ela me encarava com curiosidade do sofá, provavelmente se perguntando se eu ainda suspeitava dela. Droga eu devo ter esquecido de algo, ter deixado algum detalhe importante de fora. Ninguém pode simplesmente entrar no gabinete do Papai Noel e cortar a garganta dele, ou pode?

-Senhora! – Um duende que eu não conhecia entrou na sala correndo, ele trazia algo na mão, um pedaço de papel. – Acabaram de encontrar isso preso ao portão da fabrica.

Eu pulei do sofá e agarrei o pedaço de papel da mão dele. Não era apenas um pedaço de papel era um bilhete. “Esse é o Fim do Natal” era a única coisa escrita nele, escrita com sangue. Eu analisei o bilhete sorrindo, uma pista finalmente uma maldita pista. Caso eu o encontrasse agora eu poderia beija-lo seu maldito assassino imprestável, por um segundo eu estava preso sem nada para me guiar e agora eu finalmente tinha uma maldita pista. O Duende e a Senhora Noel me encaravam curiosos.

-Isso é do assassino? – Ela perguntou.

-Talvez.

-Esse sangue…. –Ela parou por um segundo como se as próximas palavras a enojassem muito. – É do meu marido?

-Não. – Eu tinha certeza disso, eu tinha ficado em uma sala cheia do sangue do Papai Noel e os cheiros eram completamente diferentes.

-Então de quem é?

-Ninguém, é sangue falso, porem a pessoa que entregou esse papel cometeu um erro. – Um sorriso surgiu no meu rosto pela primeira vez naquela noite maldita. – Esse pedaço de papel tem um cheiro único e era a pista que eu precisava. Mande Rick preparar o trenó, pois vou precisar fazer uma viagem.

-Para onde?

-Apenas mande, eu sei para onde ir. – Com um gesto ela mandou o duende mensageiro sumir de vista e avisar a Rick. Agora estávamos novamente sozinhos na sala de estar.

– Vai me dizer o que você acabou de descobrir? – Ele perguntou num misto de curiosidade e irritação.

-Acho que não tem problema. Esse papel está cheio de sangue falso, mas existe outro cheiro escondido por trás, um cheiro que a pessoas que escreveu a mensagem não achou que alguém seria capaz de detectar.

-Qual é o cheiro? – Ela agora estava em pé do meu lado. Seus olhos verdes brilhando mais do que nunca.  – Quem mandou isso?

-Tem cheiro de coelho e acredite um cão de caça sabe reconhecer esse cheiro. Acho que é hora de fazer uma visita ao Coelho da Pascoa.

5

Eu nunca estive na Toca do Coelho antes, mas claro que já tinha escutado o nome do lugar antes. Ele estava em toda a mídia como o bar numero um de Nova York, aquele tipo de lugar onde você podia dançar, tomar um porre e conhecer alguém nem um pouco interessante para enfiar sua boca dentro. Não necessariamente nessa ordem.  Eu nunca fui o tipo de pessoa que frequenta esses tipos de festas, na verdade eu sempre tive um ódio particular sobre esse tipo de lugar, mas no fim do dia trabalho é trabalho. Rick estacionou o trenó no heliporto do prédio, um estabelecimento como aquele precisava de um heliporto, pois parte do seu publico normal achava carro coisa de pobre. Eu nem tinha posto meu pé para fora do trenó quando cinco homens de ternos pretos e óculos escuros estavam me cercando. Nenhum deles apontava uma arma para minha cabeça, mas eu podia sentir o cheiro delas escondidas, apenas esperando para eu fazer um movimento em falso. Um deles deu um passo na minha direção e falou.

-Nosso chefe esta te esperando Sr. Wolf. – Eles me cercaram e um deles apontou para uma escada do outro lado do telhado. Eu já podia escutar a musica ruim tocando lá embaixo dentro daquele bloco de concreto que eles chamavam de prédio. – Por favor, nos siga.

Eu olhei irritado para Rick, esse não era o tipo de entrada triunfante que eu tinha em mente, mas ele apenas levantou os ombros do gesto universal de “Você chegou voando em um trenó, não da para ser discreto.”. Os cinco homens fecharam o circulo em minha volta, rosnei irritado e segui para a escada que eles apontavam.  Eu não precisei de um minuto dentro do prédio para me lembrar do motivo de odiar tanto aquele tipo de lugar. A musica, não que eu pudesse chamar de musica, pois ela estava mais para barulho, estava insuportavelmente alta e inutilizava minha audição. O cheiro de centenas de pessoas se esfregando umas nas outra em um ambiente apertado sem climatização adequada encheu minhas narinas e consequentemente inutilizou meu olfato. As luzes piscavam em diversas cores em intervalos minúsculos, meus olhos eram capazes de ver perfeitamente tanto na luz e tanto no escuro, mas eu precisava de um segundo para me adaptar e aquele ambiente não me dava esse tempo, logo também não podia confiar na visão. Eu ainda tinha o tato e o paladar, mas sinceramente eles não são servem para muita coisa quando esta em um ambiente hostil cercado de caras armados. Às vezes eu realmente odeio minha vida.

Os homens armados continuaram me guiando ate a sala VIP, onde os ricos que faziam os outros ricos parecerem pobres podiam curtir a festa apenas entre eles. No fundo da sala VIP existia uma porta guardada por mais dois dos homens de terno. Um dos que me guiavam fez um gesto com a cabeça e os dois guardando a porta abriram caminho para eu e meus guias passarem. Que agradável surpresa saber que o ambiente atrás da porta era feito para abafar o som da festa e tinha cheiro e luzes normais. Enquanto eu estiver ali tudo estará sobre controle, mas me conhecendo bem eu sei que em algum momento terei que fazer uma fuga impossível pela maldita festa.

A Sala para qual eu tinha sido levada parecia mais uma sala de espera de um consultório, existiam algumas cadeira, revistas antigas e uma mesa no fundo com uma secretaria. Os homens de preto me mandaram esperar enquanto um deles foi falar com a secretaria no fundo. Boa parte do corpo dela estava escondida por de trás da mesa, mas o pouco que eu podia ver era incrível. Pena que os cabelos eram ruivos flamejantes, eu já tinha ruivas demais na minha vida me causando problemas por agora. O homem de preto se aproximou dela e começou a falar, na verdade sussurrar, pena que para ele que mesmo com meus ouvidos ainda zunindo por causa do barulho da festa eu ainda era capaz de escutar a conversa.

-O lobo esta aqui para falar com o chefe como fomos avisados pelo informante do Norte. – Disse o homem de preto. O que me interessou porem foi o fim da frase, um informante no norte. Isso estava ficando interessante. A secretaria pegou o telefone e avisou a pessoa do outro lado da linha que eu tinha chegado. Um dos guardas fez uma rápida checagem em mim e encontrou meu velho revolver. Ele o tirou do coldre e depositou em cima da mesa da secretaria. O infeliz ainda pegou meu cigarro e isqueiro e isso sim era imperdoável.

-Vamos te devolver na saída. – Ele apontou para uma porta do lado da secretaria que tinha sido aberta e eu adentrei nela sozinho.

O escritório do Coelho de certa forma me lembrava do escritório do Papai Noel. Uma mesa de madeira e uma janela ao fundo, mas ao invés da vista das fabricas aqui se via a festa rolando loucamente no andar de baixo. Duas coisas porem eram bem diferentes, primeiro o dono do escritório estava vivo, segundo aparentemente a escolha de decoração do Coelho eram diversas joias em formatos de ovos coloridos, previsível.  Outro fator que chamava logo a atenção era o dono do escritório. Primeira coisa a se notar era o terno, eu não sou o maior especialista de ternos, mas ele parecia ser bastante caro e segundo, porem não menos importante é que ele tinha cara de coelho. Não que ele parecesse um coelho, ele era literalmente um coelho, um coelho com o tamanho de um ser humano vestindo um terno caro e dono da mais requisitada casa de festas da grande maçã. Existem momentos que me fazem amar o meu trabalho, mas esse não é um deles.

-Boa Noite Cão de Caça. – Ele me encarava com olhos negros de coelho e eu devo admitir que não gostei nada disso, estava acostumado a ler os olhos de pessoas e não de animais gigantes. – Eu devo desculpar a grosseria dos meus guardas, mas nunca se é precavido demais. –Ele sorriu para mim e eu pude ver aquele imenso dente de coelho. – Além do mais coelhos e Cães não são os melhores amigos do mundo, mas devo dizer que estou curioso para saber o motivo da visita. É raro o trenó de Papai Noel pousar na minha toca e mais raro ainda sair o detetive particular do grande homem de dentro dele.

-Vamos cortar as mentiras. – Ele me encarou com os olhos negros e eu não sabia se ele estava irritado, surpreso ou simplesmente entediado. – Um dos seus guardas avisou que eu era esperado e escutei outro conversando com a sua secretaria sobre um informante do norte. Então eu sei que minha presença aqui não é uma surpresa. – Ele pegou um cálice cheio de vinho que estava em cima da mesa e tomou um gole sem dizer nada. Essa conversa esta me deixando nervoso, estou acostumado a ter uma vantagem em conversas lendo a outra pessoa. Tenho que acabar com isso rápido e tentar não fazer besteira.

-Estou vendo que nada engana grande cão. Eu não sei se devo te dar parabéns por ter se mostrado, ao menos um pouco, a altura das historias sobre suas habilidades ou se devo demitir toda minha equipe de segurança incompetente.

-Deve ser difícil contratar gente com essa cara.

-Você devia saber que existem maneiras de pessoas como eu e você passarmos despercebidos entre os humanos. Basta ter os contatos certos. Todos meus empregados me veem como um amável empresário americano de rosto perfeitamente normal. Claro que meus truques não vão enganar alguém com seus olhos. Claro que alguns como a guarda especial que foi te buscar estão acostumados a ver coisas estranhas de vez em quando, mas eles são especialmente melhores pagos para aguentar isso. Agora por favor, sente –se –Ele apontou para uma cadeira do meu lado. – Não quero que se sinta desconfortável durante a nossa conversa. – Sentei. – Aceita um pouco de vinho?

Apenas neguei com a cabeça.

-Aposto que veio conversar comigo sobre a morte do pobre Noel, mas já aviso que eu não tenho nada a ver com isso.

-A morte ainda não foi oficialmente divulgada. Gostaria de me dizer como descobriu informações secretas.

-Achei que um detetive como você já teria sacado. Como você mesmo deixou claro eu tenho um informante no Norte. Ele me avisou da sua vinda da mesma maneira que me avisou da morte do velho Noel. – Ele tomou mais um gole do vinho. – Acredito que eu deva ser um dos seus suspeitos, mas eu retifico o que já disse: Eu não tenho nada a ver com isso.

-Alguém mandou uma mensagem de sangue, falso devo acrescentar, para a Senhora Noel. “Esse é o Fim do Natal” e o papel tinha o curioso cheiro de coelho. Então acho que você deva ter uma ideia do que está acontecendo.

-Eu estou ciente do Papel, mas que provas você tem para ligar ele a mim? Cheiro de coelho? Isso não é prova, pode ter sido alguém querendo me incriminar, afinal todos sabem que eu e Noel não nós damos bem. Eu aguentei a sombra daquele velho gordo por tempo demais e estou feliz por alguém ter acabado com ele, mas eu não estou envolvido. Então peço desculpe detetive, mas ao menos que você tenha uma prova de minha participação no assassinato isso será uma perda de tempo imensa para nos dois.

-Você não esta ligado ao assassinato, porem o cartão é sem duvida nenhuma coisa sua. – Eu não podia ler o rosto dele, mas o silencio que caiu era um velho companheiro.           Eu tinha acertado em cheio.

-Estou curioso, achei que o cartão e o assassinato estão ligados.

-Eu vi o que o assassino fez e era o trabalho de mestre. Alguém como ele nunca teria deixado uma pista tão obvia quanto um cartão. Não faz o estilo dele. O Cartão veio depois, alguém querendo aproveitar o vácuo que Noel deixou. Talvez outra lenda antiga, mas que tem que viver nas sombras do Natal. – O silencio continuou e eu não pude deixar o sorriso no meu rosto aumentar. Eu queria aproveitar minha vitória, pois eu sabia exatamente o que vinha agora. – E como você mesmo deixou claro, você nunca foi um fã de ficar nas sombras de Noel. – Eu vi a raiva nos olhos dele quando ele gritou:

-Seguranças! – Ele apertou um botão em cima da mesa. Eu poderia ter impedido? Acredito que sim, mas tudo bem, pois a noite estava devagar e eu queria mesmo um pouco de diversão.

6

Lutar é como uma dança e se você souber os passos certos poder sair de qualquer situação quase inteiro. Por exemplo, agora eu vou mostrar os passos para derrubar cinco caras armados: A primeira coisa a se fazer é conhecer o ambiente da dança que no meu caso é o escritório do Coelho, escritório cuja única entrada é uma porta dupla que cinco homens poderiam usar de maneira apertada ao mesmo tempo, mas vão se prender por um segundo e isso é tudo que eu preciso. Eu me levanto e seguro a cadeira em que ate poucos instantes estava sentado e quando a porta finalmente explode em uma porrada eu a jogo contra os cincos homens entrando com armas em punhos e antes deles entenderem o que aconteceu os cinco estão no chão. A batalha ainda não acabou, porem eu consegui alguns segundos preciosos. Segundo passo sempre dance em um terreno em que você tem a vantagem. Quando entrei eu percebi que a única iluminação da sala era um candelabro preso no teto, então decidi usar um dos “ovos” de decoração como um projetil e depois de um tiro perfeito veio à escuridão.  Curiosidade: humanos não enxergam no escuro, mas eu consigo e muito bem.

O primeiro dos cincos se levanta de forma confusa apontando a arma para a escuridão sem saber de onde esperar o próximo golpe.  Eu me aproximo de forma silenciosa e acerto um golpe perfeito bem no meio do rosto dele. Eu sinto o seu nariz sendo esmagado embaixo do meu punho. Ele larga a arma que cai no chão ao lado do meu pé e põe as mãos no rosto e eu lanço outro golpe, dessa vez uma joelhada no meio das pernas. Eu sinto outra coisa sendo esmagada pelo meu golpe. Ele grita em agonia e os outros quatros disparam na direção, porem eu consigo me lançar ao chão de forma rápida. Meu amigo não tem tanta sorte e eu vejo uma das balas varando sua cabeça. Agora faltam quatro. Eu pego a arma que ele deixou cair no chão e disparo. Bang, bang, bang e bang meus outros inimigos caem um por um. Eu me levanto e limpo a poeira do casaco. Vou ate a porta e a tranco pelo lado de dentro, assim ninguém vai me atrapalhar. Pego minha cadeira no chão e arrasto ao lado da mesa, me sento encarando meu anfitrião com a arma entre nós dois.

-Podemos conversar em paz agora?

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